Dona e proprietária da minha Liberdade
Conheça a história da Livia e veja como ela conseguiu passar de uma “garupa dependente” para uma piloto mais viva, independente e livre.
Por Livia Naiara Souza
Essa é a minha primeira foto em cima de uma moto, nunca tinha montado em nenhuma e muito menos dirigido.
Há 3 anos comecei a namorar um carinha e como estava muito apaixonada resolvi comprar uma moto com ele. Morávamos contra mão e a moto facilitaria muito as nossas vidas.
Então, no final de 2011 compramos a moto. No dia em que fomos buscá-la na concessionária foi uma adrenalina total, ele mal sabia dirigir, a gasolina estava “no osso” e acabamos ficando parados no meio de uma avenida. Mas sabem como é, né?, moto nova, pouca despesa e muitos “roles”.
Acabei participando de todas as questões que envolvem a compra de uma moto como: documentação, emplacamento, revisões, dentre outras coisas. Cada experiência era única e a cada dia estava mais envolvida com o “mundo das motos”.
No ano novo de 2011, resolvemos fazer nossa primeira viagem de moto. Uma única dica, nunca façam um percurso de 300km encima de uma CG 125, é suicídio. Sobrevivemos, mas voltando da viagem a moto acabou tendo um problema no motor por conta da má gasolina utilizada na cidade em que estávamos. Seguramos um prejuízo de R$900 para arrumar uma moto 0km!
Mas minha vida estava muito bem, obrigada… Adorava andar naquela garupa nos domingos de sol. Estávamos nós sempre “para lá e para cá” e assim foram muitos banhos de chuva de verão.
Infelizmente no finalzinho de 2012 resolvemos terminar, e como a moto estava no meu nome, e ainda por cima com a documentação atrasada, não tive escolha e assumi toda a responsabilidade tendo que encostar a motoca no pátio do meu prédio.
Foi a época mais “foda” da minha vida em todos os meus 22 anos, pois tive que dizer adeus ao lugar que eu tanto gostava de andar, a GARUPA e voltar da faculdade de trem e metrô, chegando em casa meia noite todos os dias.
De repente me vi naquela situação cheia de contas para pagar, sem habilitação e “puta da vida” por ter que voltar a andar a pé. Recuperei minhas forças, e fui atrás de reverter àquela situação.
Iniciei todo o processo de tirar a habilitação, e economizei cada centavo para colocar a documentação da moto em dia.
Foram sete meses extremamente corridos. Eu trabalhava de manhã, a tarde fazia as aulas práticas e a noite ainda ia para a faculdade. Não sei como consegui. Chorava todas as noites subindo a estação a pé e chegando exausta na minha casa.
Durante todo aquele período eu me via incapaz de pilotar uma moto ainda mais pesando 47 quilos. Eu não tinha vontade nem de ligar a moto, sendo meu irmão que acaba fazendo esses favores para mim.
No entanto, minha família sempre me incentivou e me fez acreditar que eu era capaz.
Fui aprendendo aos poucos. Até que pela primeira vez andei sozinha no bairro de casa, e foi sensacional.
No dia 2 de julho de 2013, estava com minha habilitação categoria AB nas mãos, e naquela mesma semana pequei estrada, em pleno sábado ensolarado, com meu irmão na garupa.
Depois desse dia nada mais me segurava, me apaixonei ainda mais pela vida de motoqueira e buscava ser melhor a cada dia.
Eu aprendi muito com essa experiência. Não devemos depender de ninguém pois nós temos a capacidade de fazer acontecer. Hoje sinto-me mais mulher, mais viva, mais independente e mais livre.
Nós mulheres somos frágeis mais temos uma força sem igual, ser motoqueira é ter coragem de correr riscos, mas é ter o prazer de sentir o vento batendo no seu rosto. Liberdade.
Eu encorajo vocês mulheres que ainda não dirigem moto mas que sempre tiveram esse desejo no coração a irem em frente e se tornarem motoqueiras por paixão, pois tenho certeza que se sentirão mais completas como mulher. Afinal, eu ainda não arrumei outro namorado mas recebo elogios todos os dias e não preciso esperar que alguém venha me buscar.
Grande!!
Que relato lindo e inspirador! Primeira vez aqui no blog, estou super empolgada com a aquisição da minha primeira moto, e lendo isso me inspira mais ainda, pois me identifico com essa luta diária que a Livia teve, trabalho, processo pra tirar habilitação, aulas de direção e pilotagem, faculdade e a exaustão de chegar em casa tão cansada a ponto de chorar! Ela, eu e tantas outras mulheres guerreiras que vão a luta, merecem todo o respeito e admiração! Parabéns!
Seja sempre bem vinda 🙂
Que história linda…estou passando por uma situação parecida, tirei minha habilitação em maio, caia muito nas aulas, meu namorado comprou uma moto nova e a antiga dele (Dafra Riva) ficou pra mim, um dia treinando eu caí a moto empinou, desde então não tive mais coragem de treinar, tenho muita vontade, me sinto até mal pela incapacidade de tentar novamente, nosso relacionamento não vai bem, não tenho mais ninguém que possa ir treinar comigo, também sou pequena e magrinha, tenho medo da arrancada da moto, de cair, sei lá, enfim vocês poderiam me ajudar de alguma forma?
Obrigada, vocês são guerreiras.
Beijos no coração.