Born to be Wild
Putz, quanto tempo hein? Eu eu já estava me punindo por não conseguir escrever aqui. Minha vida anda um turbilhão tendo que conciliar trabalho, estudos, filhos e minha paixão por motos. Mas somos mulheres e conseguimos dar conta de tudo, não é mesmo? (risos). E nesse tempo sem escrever estive acompanhando alguns posts, comentários e até artigos sobre o valor que dão para o motociclista. Para alguns, parece-me que tem mais a ver com status do que realmente com espírito. Essa é a motivação do texto de hoje…
Para quem é motociclista não há nada melhor que uma boa e longa viagem. Curtir a estrada e conhecer novos lugares. Planejar uma longa viagem; ter dinheiro para ir a outros países e fazer a rota dos sonhos.
Fazer aquela viagem sozinha ou comprar uma moto grande. Tudo isso parece ser sonho de muitos e realizado por poucos. Mas quer saber o que é coragem? Coragem é ser mulher, mãe, profissional e ainda assim ser capaz de participar efetivamente de um moto clube ou moto grupo.
Conquistamos muito nesses últimos anos, graças a mulheres que ousaram e foram atrás de seus sonhos. Mas ainda temos muitos obstáculos, muitas dificuldades e algum preconceito.
Em muitas situações somos colocadas à prova. É aquele comentário do por quê você pilota, ou como consegue pilotar uma moto tão grande; ou ainda se você não tem medo de cair… e podemos dizer que essas são situações descontraídas, mas tem outras que nos incomodam como pensar que mulher que pilota tem parceiro piloto também. Ou que pilotamos mas a moto “deve” ser do namorado, esposo, companheiro.
Mas posso afirmar que esse incômodo não se restringe ao mundo do motociclismo. Faz parte do nosso cotidiano. É típico da sociedade em que vivemos. Tudo que foge à regra incomoda. Não estar na moda incomoda; não gostar do “hit” musical do momento incomoda; ser a minoria… incomoda. E então nos perguntam: como damos conta de ser mulher, mãe, profissional e ainda ser motociclista? Ah, essa eu posso responder: com CORAGEM.
Coragem para fazer escolhas e saber que essas escolhas não são excludentes. Fiquei 10 anos sem moto para ter meus três filhos mas nunca deixei de ser motociclista ou de ser apaixonada por esse mundo.
Lembrei agora da música que é um hino para nós motociclistas e por isso uso como título dessa matéria. Ela diz que devemos abraçar o mundo com amor, deixar o motor funcionando, pegar a estrada em busca de aventura em tudo o que aparecer em nosso caminho. “Coragem para abraçar o mundo”
Coragem para encarar a vida, a rotina da casa, do trabalho e ainda assim dar conta de cuidar da moto, de participar de um Moto Grupo, de viajar, de ir nos eventos; coragem para remar contra a maré, e mostrar para a sociedade e para nós mesmas o quanto podemos; o quanto somos capazes.
Não precisa ter a melhor moto, ou a mais cara, ou mais nova… não precisa fazer a viagem mais longa, ou viajar todos os meses. Não precisa contar para todo mundo quantos kms você já pilotou. Sonho não se mede dessa forma.
Para nós, mulheres, basta ousar…
Ousar comprar a moto que o dinheiro permite e ainda assim achar o máximo. Porque realmente é. É usar a moto para o trabalho. É ficar feliz em fazer um passeio na cidade vizinha à sua, mesmo que seja meros 200 kms. É reunir as amigas para um rolezinho no fim de semana para abraços sinceros e fotos cheias de vida.
Ousar ter um Moto Grupo só de mulheres, com estatuto, normas e comprometimento. Ousar ter união. Buscar melhorias todos os dias, assim como buscar sermos melhores para o próximo e para o grupo. É honrar seu colete. É se sentir representada. É estar lá para somar, ajudar e colaborar.
É ousar SER em um mundo que valoriza o TER. É sermos verdadeiras e intensas. Pois nascemos para ser selvagens, baby (born to be wild) E você, o que achou? Bora rodar?
Venha para o meu mundo e boas estradas!!!