Avaliação da BMW R 1200GS

Se você é adepto a viajar de moto certamente já deve ter ouvido falar da BMW R1200GS. Se ainda não ouviu falar, está é a chance de conhecer um pouco melhor desta motocicleta da BMW considerada por muitos como a melhor motocicleta  para viagens longas.

A pilotagem em São Paulo foi relativamente tranquila. A R1200GS é muito estável em baixas rotações, o que é ideal para São Paulo, onde muitas vezes não se consegue passa da terceira marcha no horário de rush.

Os 238 quilos em ordem de marcha, ou seja, já com gasolina óleo e demais líquidos, tornam-se leves em movimento. Não senti problemas em relação ao peso, mesmo com a motocicleta parada. Talvez o problema maior seja em relação à altura, a BMW R 1200 GS é alta. Como tenho 1,77cm de altura e não tive problemas.

A altura do banco até o solo é de 85cmm para o piloto e 87cmm para o garupa, mas é possível regular o banco deixando-o mais baixo, passando para 82cmm e 84cmm, respectivamente.

Por ser uma motocicleta alta é possível passar o guidão por cima dos retrovisores. Porém a largura do tanque e o motor boxer não dão muita agilidade para “zigzagear” entre os carros.

Seu motor boxer bicilíndrico de quatro tempos, possui refrigeração líquida e também a ar. Na prática resulta em um motor que não esquenta, mesmo com o anda e para da cidade. 

Ainda falando do motor, frequentemente batia a perna, mais precisamente a canela, no motor quando parava no farol. Muitos disseram que com o tempo iria me acostumar, pode ser.

Como de costume no “anda e para” da cidade de São Paulo os freios, com sistema antitravamento ABS, se mostraram eficientes mesmo nas frenagens mais bruscas. A motocicleta também possui um sistema de freios muito precisos, garantidos pelos discos duplos flutuantes com diâmetro de 305mm e pinça radial equipada com quatro pistões, na roda dianteira e disco único flutuante com diâmetro de 276mm e pinça equipada com dois pistões, na roda traseira. Outro detalhe sobre o ABS é ele pode ser desativado total ou parcialmente. 

A BMW R 1200GS é boa de curvas, sejam elas curvas de baixa na cidade, curvas em alta na estrada ou as mais fechadas na Serra da Tamoios.

Pilotagem na estrada

Não é a toa que é considerada por muitos a melhor motocicleta do mundo para viagens longas. A estrada é seu habitat natural, e é na estrada que é possível sentir todo o esforço da montadora alemã em entregar um produto de altíssima qualidade. Estável, dentro dos limites de velocidade permitidos. Confortável, a posição das pedaleiras permite uma curvatura das pernas que, em conjunto com a posição do guidão, garante uma boa ergonomia dando o máximo de conforto ao piloto.

A descida ao litoral norte de São Paulo foi muito prazeirosa. Percorri os 200km até Ilhabela sem interrupções, não precisei parar para “descansar as pernas” ou até para abastecer. A R1200 GS tem boa autonomia, seu tanque de 20 litros me levaria, por exemplo, a percorrer 340 quilômetros sem precisar abastecer no caminho. Pilotando na cidade e na estrada, ao todo, a R1200GS teve autonomia média de 17km/l.

Na suspensão dianteira, a motocicleta possui um sistema especial desenvolvido pela montadora alemã, chamado BMW Motorrad Telelever, com sistema de amortecimento central e bengala equipada com cilindros internos de 37mm de diâmetro. Já a suspensão traseira possui Monobraço oscilante de alumínio equipado com sistema BMW Motorrad Paralever com sistema hidráulico de ajuste contínuo de pré-carga da mola e retorno do amortecedor. Na prática esse aparato todo resulta em uma suspensão eficiente tanto nos buracos de São Paulo, terrenos acidentados e nas trilhas de terra de Ilhabela. Também é possível ajustar a suspensão conforme o “gosto do freguês”. Acionando apenas um botão é possível mudar a suspensão para Normal, Hard ou Soft.

Painel completíssimo

O painel da R1200GS pode assustar em um primeiro momento, afinal são tantas opções e tantos botões… Mas por incrível que pareça foi muito simples e intuitivo mexer nele. Geralmente não recebemos motos de testes com manual, e com a 1200GS não seria diferente. Mas para minha surpresa foi só “fuçar” os botões que tudo aparece na tela de forma clara e simples, mas em inglês.

Além dos modos de pilotagem Road, Rain, Enduro e Dynamic, era possível, por exemplo, ajustar a suspensão, verificar a pressão dos pneus e controlar o ABS. Também é possível ver TRIP 1, 2, consumo de combustível, autonomia de viagem, data, relógio, entre outras informações.

Também é possível ajustar a altura da bolha através de um botão de rosca, bem como acionar o aquecimento de manoplas.

Além do painel super-mega-hiper completo, outra experiência nova que pude experimentar com a 1200GS foi pilotar uma motocicleta com motor boxer e transmissão com eixo cardã.

Motor boxer

Não sou especialista em mecânica, por isso tive que pesquisar e conversar com especialistas para entender um pouco sobre esse motor. De maneira geral o motor boxer (motor “deitado”) possui algumas diferenças em relação ao “motor comum” (em “pe”).

Algumas das vantagens do motor boxer é que além de ter menor massa – pois é mais compacto e usa menos material em relação a um motor comum – ele ajuda a manter o centro de gravidade da moto lá embaixo, melhorando a estabilidade da moto e ajudando nas curvas. A desvantagem, na minha opinião, é que quem no está acostumado com o motor, pode bater a canela nele por falta de costume, mas nada grave.

Como visto na imagem acima, essa “saliência” é onde trabalham os pistões, o motor está deitado. No caso, a 1200GS é bicilíndrica, ou seja tem dois pistões.

Uma curiosidade sobre esse motor: Me perguntaram se, quando parada, sentia a moto balançar um pouco ou puxar para um dos lados. Parece que nos modelos mais antigos era possível sentir isso mais claramente. Particularmente não senti isso não, apenas o vibrar normal de uma motocicleta no neutro. A BMW disse que fez uma série de melhorias nesse modelo. Então, concluo que se antigamente ocorria isso, provavelmente hoje já devem ter corrigido.

Transmissão eixo cardã

Se você achava que motocicleta só tinha transmissão por corrente ou correia, saiba que você não é a única. Muitas pessoas não sabem da existência do eixo cardã para motocicletas.

 Derivado dos automóveis a transmissão cardã tem funcionamento relativamente simples, um eixo parte da caixa de câmbio que recebe a potência do motor, e vai até a roda traseira onde passa essa força para umas engrenagens, que transmitem o movimento para a roda. Na imagem* ao lado é mais fácil visualizar.

Com excessão do pouco ruído produzido pelo com eixo cardã, na prática não senti diferença nenhuma na pilotagem da R1200GS, em relação a uma motocicleta com corrente. 

Mas no longo prazo a diferença é nítida. O baixo custo de manutenção e alta durabilidade fazem desse sistema ser o melhor para motocicletas da  categoria big trail e touring, projetadas para longas viagens.

Pontos Fracos da R 1200GS

A motocicleta está muito bem projetada e dificilmente você irá encontrar um proprietário insatisfeito com a BMW R1200GS.

Não achei defeitos, porém para ficar melhor minha sugestão seria trocar a bolha, pois o material da mesma, embora muito resistente e aparentemente de alta qualidade, distorcia um pouco as imagens à frente.

Resumo

Sempre gosto de dar uma palavra às motocicletas que avalio, eu não tenho uma palavra e sim uma frase: “cumpre o que promete”.

Ao todo foram 515km percorridos com a BMW R 1200 GS. Ela não foi feita para andar nos corredores de São Paulo, para isso existem outras opções no mercado. A única certeza que tenho é que depois de viajar na 1200GS, com outras motocicletas as viagens tornam-se cansativas.

Preço? A partir de R$61.400, a vista, sem os opcionais.

A motocicleta avaliada possuía o pacote premium instalado com diversos diferencias.

Ficha Técnica da R 1200 GS