Cursos

Conhecemos a escola de pilotagem Wesley Testa

Por indicação de amigos, fui conhecer o Centro de Pilotagem Wesley Testa, em Brasília.

Algumas pessoas questionaram por que fui tão longe (cerca de 1.000km, de São Paulo) para um curso de pilotagem. Na verdade, eu buscava um curso de pista e a escola Wesley Testa possuía alguns diferenciais como motocicletas próprias (Cb 300, Bandit, Harley-Davidson, Srad-1000 e R1), aulas regulares (de segunda a sábado) e a “metodologia Wesley Testa”.

Com mais 20 anos de existência, a escola oferece todos os equipamentos necessários como capacete, luvas, macacão, joelheiras, botas e jaqueta. Mas claro, o aluno pode e deve levar seu equipamento se preferir. No meu caso, só levei meu capacete MT Blade Monocolor (com um lacinho rosa-cheguei mara!).

Recebendo orientações
Lacinho pink maravilhoso!

O curso é ministrado no Kartódromo de Guará e lá mesmo fica o escritório da escola.

Na primeira aula o instrutor me pediu para fazer algumas “manobras” na motocicleta para “sentir” qual seria minha reação com a mesma. Após ele ver meu grau de confiança, percorri, na garupa, todo os circuito do kartódromo para me familiarizar com o trajeto. Após as instruções iniciais comecei a andar na CB 300 (com pneu de pista). 

Os diversos instrutores, espalhados pela pista, monitoram os alunos durante todo o percurso, parando-os, sempre que necessário para dar instruções. Além disso, os alunos também também vão pra garupa, quando necessário.

Esse “método na garupa” foi o que mais me chamou a atenção e me surpreendeu positivamente. Gostei desse método e no meu caso ele foi muito útil em dois aspectos: velocidade e posição da cabeça/olhos.

O segredo de uma curva é velocidade e posicionamento do corpo, principalmente do olhar. Olhar para a curva enquanto se está nela, é algo muito comum e errado. O segredo é olha sempre adiante. Depois que aprendi, eu praticamente entrava em uma curva já olhando para a próxima. 

Em relação à velocidade, ela foi primordial para que conseguisse colocar o joelho no chão. Moto lenta não tem estabilidade, então é necessário manter a aceleração constante e até progressiva, dependendo da curva. Quanto mais rápido motocicleta, mais estável ela fica.

Embora pilote desde 2009, tenha certa experiência em viagens e principalmente nos corredores de São Paulo, me incomodava o fato de sentir insegurança em algumas curvas, e sabia que precisava melhorar. E como sempre digo paras as leitoras que seguem o site, não há problema nenhum em assumir as próprias deficiências. Aliás, reconhecer que temos uma deficiência, abre as portas para melhorarmos. E foi isso que fiz, queria praticar curvas.

Para quem assistiu o vídeo, viu que meu objetivo era ralar joelho no chão. Mas será que ralar o joelho no chão era realmente importante? Na minha cabeça sim, pois era a “prova” de que eu tinha aprendido a técnica e superado a minha insegurança.

Como mostro no vídeo, eu consegui fazer a curva com o joelho no chão. E foi uma grande vitória, afinal consegui fazer o que os pilotos profissionais fazem e quem sabe da próxima não é o cotovelo no chão? (risos)

Além do curso de pista, também quis praticar controle de embreagem. Com a moto na segunda marcha tive que fazer algumas manobras como por exemplo o “8”. Mas claro, sem usar acionar embreagem em nenhum momento, só freio e acelerador. Confesso que isso foi mais desafiador do que colocar o joelho no chão. Dominar uma motocicleta em baixa marcha nos permite “sentir a moto”… Sentir o nível certo de aceleração, freio e giro do motor, para mim é estar em sintonia com a motocicleta.

Na Srad 1000
Na Srad 1000

Superar Limites

Um dos maiores diferenciais da escola, na minha opinião, é a confiança passada aos alunos. Desde o material de divulgação da Wesley Testa, até a conversa dos instrutores com os alunos, a escola passa a ideia de “superar limites”. Inclusive essa ideia de superação se confunde muito com a história de vida do fundador da escola, Sr. Wesley Testa, que sempre teve que superar muitos obstáculos para vencer na vida.

Mas por que confiança é importante? Acredito que com técnica e prática todos nós somos capazes, independente do sexo. Mas muitas vezes mesmo conhecendo a técnica não praticamos por causa do medo. Mas não o medo que nos traz prudência, que de certa forma é bom. Falo do medo que paralisa, que faz desistir. “Medo de cair”, “medo de estragar a moto”, “medo de acharem que sou burro”, “medo de fracassar” e “medo de rirem de mim”.

Por isso, acredito que esse é um curso especial para mulheres. Pois as vezes as mulheres tendem a ser mais inseguras do que os homens. Crescemos ouvindo que não éramos capazes e que motocicleta não era coisa de mulher, e isso fica no subconsciente.

Os professores acreditam nos alunos, os alunos acreditam que são capazes e essa confiança, juntamente com as técnicas ensinadas, transformam os motociclistas que passam pela Wesley Testa.

cursoWesleyTestasrad
Recebendo orientações

Resumo

Gostei muito do curso, valeu muito a pena ter ido pra Brasília. Ao todo foram quase 30 horas de aula.

Muito bom o fato dos alunos usarem motocicletas próprias da Wesley Testa, pois além de ter a oportunidade de pilotar motos diferentes e sentir o comportamento de cada uma na pista (saber lidar com diferentes ciclísticas e respeita-las, também fez parte do meu treinamento), você perde o medo de estragar a moto, e como eu sempre acabo me preocupando mais com a moto do que comigo mesma, e esse medo de estragar a moto não existia, deixando minha mente livre apenas para absorver os conhecimentos passados.

Prós

  1. Aulas regulares (segunda a sábado)
  2. Motos próprias
  3. “Cultura de superar limites”

Contras

  1. Distância (em relação a São Paulo)
  2. Pouco conteúdo teórico

Confira o vídeo do curso:

*Publieditorial

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Amanda Pagliari

Amanda Pagliari (SP) - Colunista, piloto de testes e apresentadora do Mulheres de Moto no Youtube. A bike influencer defende e incentiva o uso da motocicleta.

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