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A primeira queda a gente nunca esquece

Dizem que existem dois tipos de motociclistas, os que já caíram e os que irão cair. Vejam o relato da nossa colunista Amanda Pagliari sobre sua primeira queda.

Essa brincadeira começou em 2009, nunca havia pilotado uma moto antes, era virgem nesse negócio de duas rodas, daí o espanto dos mais chegados quando anunciei que iria comprar o tal veículo.

Era uma quinta-feira, caía uma fina garoa na cidade de São Paulo e lá pelas 19hs eu e a Suzy – uma Burgman 125cc – saímos do trabalho e fomos estudar.

Olhar retrovisor direito, retrovisor esquerdo. Chuva caindo na viseira. Chão escorregadio. Prestar atenção ao mudar de faixa, olhar bem se não vem uma moto antes de entrar no corredor. Limpar a viseira do capacete, mais uma vez. Ahhhhh, é muita coisa ao mesmo tempo.

Na minha frente havia um carro que não sabia que caminho escolher na bifurcação adiante. A espertalhona aqui, diante da indecisão do motorista adiante tentou ultrapassar o carro, quando eis que o motorista decidiu continuar e pegar a avenida 23 de maio.

Como era de se esperar, minha moto não tinha torque suficiente para ultrapassar o infeliz e diante desse cenário só tive uma reação quase que instintiva: frear.

Não apenas freei bruscamente, como freei com a traseira (resultando no travamento da roda traseira). Naquele momento só me vi caindo no chão e a Burgman indo parar lá na frente, arrastando-se pela avenida! Não sei como descrever a sensação de ver seu patrimônio se estatelando pelo chão.

O capacete passou no teste do tombo, juntamente com a capinha de chuva, já o sapato scarpin de salto baixo não.

Nada de sério aconteceu, levantei, vi que tinha ralado o pé (de leve) e a Suzy, que havia andado uns 4 metros à frente, também se mostrou dura na queda tendo quebrado o espelhinho direito e ralado a carenagem.

Uma moça, muito gentil, parou do lado e insistia em saber se não estava precisando de nada. -“Pode ir, moça, está tudo bem”- respondi.

Já, um motoboy desceu de sua moto e veio me auxiliar, andou comigo até a entrada da Radial Leste, um gentleman.

Nenhum osso quebrado. Mesmo com puta dor de cabeça fui para a faculdade, afinal uma prova de Logística me esperava no segundo horário.

Primeiro tombo com um mês de moto. A primeira queda a gente nunca esquece… Assim como as lições que tirei daquele dia.

A moto-escola não nos prepara para muitas situações do dia a dia, como escreveu a Lais Regina em seu texto 15 dicas que a moto-escola não ensina. Muitas das coisas que sei hoje, aprendi sozinha, na prática, ao longo destes 5 anos andando cerca de 50km por dia, em São Paulo.

Quando comecei lá em 2009 não havia o site Mulheres de Moto (rsrsrsrs), não havia grupos no facebook e não tinha como pegar dicas de pilotagem. Mas hoje ficou mais fácil compartilhar informação, por isso resolvi contar minha história.

Se eu pudesse voltar no tempo o que eu faria diferente?

1-Manteria distância. Se eu estivesse distante do veículo teria dado tempo de frear e não teria me estatelado.

2-Não teria freado bruscamente. Frear com o freio traseiro apenas trava a roda, frear apenas com o dianteiro, deixa a roda traseira boba. Utilize os dois freios. Tem a turma que defende os 80/20, outros o 70/30 e etc, mas isso é assunto para outra matéria. O importante é utilizar os dois.

3-Teria avaliado o ambiente. Muitos dizem que garoa é mais perigosa que chuva forte pois deixa o asfalto mais escorregadio. Se tivesse parado para pensar 2 minutos que eu estava à noite, com chuva e em uma scooter, teria tido mais paciência e provavelmente não teria caído. Cada ambiente, bem como a motocicleta que estamos, exige um comportamento diferente do piloto.

4-Pilote pensando nos outros. A tal da direção defensiva, que é basicamente pilotar pensando (ou adivinhando) no que os outros farão. Ou estiver pilotando imagine o pior: um cachorro vai passar na sua frente, um carro vai mudar de faixa do nada, a moto à sua frente vai parar bruscamente no corredor e um ciclista estará no seu ponto cego. Não interessa de quem é a culpa, você é a parte mais frágil, esteja preparada.

5- Use equipamento de segurança. Graças a Deus não machuquei muito o pé, mas no Facebook sempre vejo relatos de meninas que machucaram bem por falta de equipamento. No caso dos pés, mesmo que você não tenha ainda uma bota apropriada, um par de tênis já ajuda.

Quedas acontecem, mas se é para cair que seja na porta de casa e não em uma das principais avenidas de São Paulo no horário de rush. Aprendi com meu erro e posso dizer que nunca mais cai na chuva ou na Av. 23 de maio.

Outras quedas ocorreram depois, assim como outros aprendizados, mas aí é assunto para outro artigo.

Motobeijo,

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Amanda Pagliari

Amanda Pagliari (SP) - Colunista, piloto de testes e apresentadora do Mulheres de Moto no Youtube. A bike influencer defende e incentiva o uso da motocicleta.

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17 Comentários

  1. Aprendi com o meu primeiro tombo a respeitar as motos pequenas.
    Vivia rindo da minha mãe que não tem coragem de pegar a minha e caí da pop 100 dela. Além da vergonha, tive a sorte de cair numa estrada de chão cheia de cascalho e conseguir um machucado no joelho que está aqui há quatro meses.

    1. Puxa, caí essa semana, após meus primeiros 1.000km com minha burgman 125. A vergonha tá doendo mais que os machucados….e aguentar as pessoas falando pra vender a moto tá difícil….

      1. Nossa kkkk eu não contei porque nao quero ouvi isso kkk “/ .
        Nem me fale de vergonha 😂😂😂

  2. A dor da vergonha, no meu caso, é maior. Eu não lembro do tombo, só me lembro de acordar no hospital com o médico fazendo sutura, logo, sem recordações da dor. Depois disso, só sentia dor se forçasse o joelho num movimento não permitido. 😉

  3. Legal o texto Amanda, com a minha experiencia tenho mais uma dica p passar, nunca confie totalmente na sua buzina rsrs . Depois de 3 anos pilotando todos os dias, tive minha primeira queda, estava vindo na faixa dupla na hora do rush de repente o motorista resolve ultrapassar um ônibus no momento que estou vindo….buzinei bastante, mas fui teimosa e achei q daria tempo de ultrapassa-lo, mas não deu 🙁 Isso me resultou em um clavícula fraturada, pé machucado, retrovisores, velocímetro e pedal de freio quebrados, fora as provas perdidas na faculdade! Apesar de não ter sido culpa minha (pois o motorista iria ultrapassar pela contra-mão) se eu tivesse tido mais a direção defensiva, com certeza teria evitado!!! Graças a Deus não foi nada mais grave!

  4. Sim eu sei como… graças a Deus você está bem. Ano passado sofri um bem grave, bandidos fugindo da polícia cruzaram na minha frente… mesmo com direção defensiva foi uma batida feia. Nesses casos o que salva é bom equipamento de segurança e fé!

  5. Meu primeiro tombo, também foi em um garoa fina, mas foi burrice minha mesmo rsrs. Usei o freio dianteiro, quando estava parando a moto em um semáforo, a roda dianteira já estava em cima da faixa, logo foi praticamente um rodo que recebi kkkkk

  6. O meu foi em casa mesmo, meu pai costumava lavar a garagem e toda entrada com sabão em pó. Isso quando chovia deixava o chão super escorregadio, mesmo sendo antiderrapante! Primeira vez também que pegava chuva na rua e a pilotagem no asfalto foi super tranquila, vim com cuidado.Mas, na garagem pensei putz tá escorregadio vou tentar passar rapidinho nesse pedacinho e freio mais na frente perto da porta. Não foi como planejado a moto subiu de boa sem escorregar e na hora de frear não rolou e fui reto direto na porta de casa e minha mãe na janela vendo tudo. Falei que o vizinho tmb viu? Fiquei preocupada com a moto assim que senti que estava inteira, e fui juntar a moto e não coloquei o pézinho nela, resultado a primeira queda não tinha acontecido nada na moto pq ela caiu em mim. A segunda arranhou o espelho da moto e o escapamento! Lição aprendida velocidade x chuva não combinam.

    1. Nossa Clarice, eu também já cai parada… hahah Com certeza você está certa velocidade e chuva não combinam. 🙂

  7. Eu também tive o primeiro tombo em um mês de moto. E concordo que a auto escola não nos prepara para certas coisas, aliás, acho que saímos todos despreparados e aprendemos tudinho na rua mesmo, meu tombo serviu de experiência e espero realmente não cair nunca mais rsrs.

  8. Vinha numa estrada praticamente deserta, às margens do Tietê, em Barueri, quando uma abençoada decidiu manobrar o carro e fechou a pista toda. No pânico acionei só os freios da frente e voei … a sensação de ouvir a moto estatelando no chão dava calafrios. Por Deus, havia saído com todos os equipamentos de segurança: capacete Zeus (novinho, que dó… partiu ao meio), luvas, botas e uma jaqueta muito boa de couro que recomendo as mulheres (comprei na Capital Motos na General Osório). Deslizei por uns 5 metros no asfalto quente e a jaqueta nem arranhou, só que na queda quebrei o braço. Depois deste dia perdi a confiança na moto e peguei medo de pilotar. Sou mãe recente e só pensava na minha filha, que aliás, trocar fraldas com uma só mão é para poucas! Ainda não passei a moto pra frente, não sei se o medo é naquela moto ou se é generalizado, mas não consegui mais entrar no corredor com ela.

  9. Meu nome é Aline Oliveira, tenho 24 anos, e vou relatar como vivenciei uma put%@$ queda de moto. O acontecido foi no dia 12/06/14 em pleno dia dos namorados, e também 1º Jogo do Brasil na Copa. Estava eu indo tranquilamente para o meu trabalho que ficava à 4km da cidade, super de boa, não estava correndo até porque me faltava apenas uns 200 metros para chegar ao portão do escritório, quando de repente me surgiu um cachorro correndo de dentro do mato, tentei livrá-lo o máximo que pude, até porque eu estava à aproximadamente 60km/h e ainda tive tempo de reação, porém o pobre animal ficou tão desesperado que correu em direção ao pneu da moto, daí então não tive outra escolha, quando entramos em colisão fui arremessada ao chão, e quando me vi lá estava largada na pista quente sem poder me levantar, tive escoriações, fraturas na clavícula e no pé. Foi horrível a experiência que passei, fiquei decepcionada com moto, vendi minha “preciosa” a qual me arrependo amargamente, pois adorava minha 150cc. Passei 1 ano sem pilotar sobre duas rodas, mas o amor por motos falou mais alto, e hoje me encontro pilotando novamente com uma Titan 150cc (Charmosa), porém de uma forma mais adequada e equipada, tudo me serviu como lição, e agradeço a Deus por ter me livrado de algo pior. Forte abraço à todos.

  10. Cai hj, voltando para casa, do mesmo modo como o acontecido acima, o motorista do carro parou no meio da avenida, e eu dando uma de esperto, quis passar, porem fui pelo lado direito, onde tinha areia, acabei no chão, pois a moto escorregou, só arranhei o joelho, levantei a moto e vim embora, um cara lá perguntou se eu tava bem, eu disse q sim, e subi na moto, disse obrigado, foi um bom aprendizado!

  11. Que bom ver relato igual ao meu, assim espero que consiga pegar confiança em mim novamente.Habilitada desde 2014 A/B porém não tinha pratica, comprei minha Burgman também em janeiro/18 e treinei uma vez e peguei as manhãs… Nesta (27/03) terça feira, semana chuvosa “/ fui trabalhar como todos os dias… Não me conformo pois faço o percurso todos os dias, mas enfim… Em uma rua incrine, com uma bela chuvisquinha, derrapei na pista ao freiar com o freio traseiro por conta de uma lombada que esqueci, foi muito rapido e horrivel, rasgou minha calca de chuva minha leggui e roxinhos, sorte que não tinha carros vindo, logo veio dois motoqueiros, perguntando se queria ajuda, disse que estava tudo bem, ai um disse a dica que voce postou, freiar com os dois, freio traseiro é quedaaa!. Bom no outro dia o corpo pede aaarregooooo! Muitas dores pelo corpo todo “x mas tudo bem bora continuar nessa vida.. Y Lovee Moto 🛵💓

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